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LEIA, PENSE E QUESTIONE

arquitetura, arte e suas implicações na sociedade

TEBAS: Célebre arquiteto paulistano do século XVIII.

Atualizado: 7 de ago. de 2024


Quadro "Cabeça de Negro, 1934" de João Candido Portinari
Quadro Cabeça de Negro, 1934 | João Candido Portinari (Imagem: Google Arts&Culture)

Joaquim Pinto de Oliveira (1721-1811), conhecido como Tebas, foi um homem escravizado cuja contribuição para a arquitetura da cidade de São Paulo passou por um processo de apagamento.


“Invisibilizar a contribuição de africanos e seus descendentes e de indígenas na construção econômica, na organização social e política, assim como na produção cultural da nação brasileira foi (e continua sendo) parte do projeto de dominação étnica e de classes.”

Escreve Jacino, no capítulo "Tebas e o legado africano na produção da riqueza e na urbanização paulistana", do livro sobre o arquiteto.


O pesquisador destaca que, “para além da extraordinária fortuna gerada pelo seu trabalho forçado, os africanos e seus descendentes legaram um conjunto de conhecimentos científicos e tecnológicos, determinantes para a geração daquela fortuna”.


Até pouco tempo, a história de Tebas era considerada uma lenda. Joaquim só recebeu alforria por volta dos 50 anos de idade, e suas obras arquitetônicas foram realizadas ainda enquanto era escravo, sem nenhum poder ou privilégio. Especialista em lapidação de pedras, contribuiu para o desenvolvimento da torre da Catedral da Sé. E seu trabalho também pode ser visto nas fachadas de dois imóveis católicos que resistem ao tempo no centro da capital paulista nas fachadas da Igreja da Ordem 3ª do Carmo e da Igreja das Chagas do Seráfico Pai São Francisco.


O que ele construiu foi principalmente a pedido dos colonos e imigrantes influentes. Não há dúvidas, no entanto, sobre a importância de seu trabalho. Tebas foi fundamental na modernização de uma São Paulo construída basicamente com taipa, uma técnica de utilizar barro para moldar edificações. Embora, até aquele momento essa técnica tivesse se mostrado eficiente, trazia muitas limitações arquitetônicas. Seu trabalho foi explorado por ordens religiosas da época, na ornamentação de igrejas, como o Mosteiro de São Bento e a antiga Catedral da Sé.


Um de seus trabalhos mais importantes, o Chafariz da Misericórdia, erigido onde é hoje, a rua Direita, no centro de São Paulo, foi demolido em 1866. Trata-se do primeiro chafariz público da cidade, construído após a libertação de Tebas. Era ali que escravizados conseguiam água para abastecer as casas de seus senhores.

Não à toa, ele é conhecido como Tebas. A origem de seu apelido vem da língua kimbundu e significa “alguém de grande habilidade”.


RECONHECIMENTO E HOMENAGENS


A contribuição de Tebas para a arquitetura da cidade de São Paulo foi questionada durante muitos anos, chegando até a duvidarem da sua real existência.


Entretanto, um grupo de pesquisadores dedicaram-se para que o trabalho de Tebas fosse reconhecido. Esse reconhecimento começou a tomar força em 2018, quando o Sindicato dos Arquitetos e Urbanistas do Estado de São Paulo (SASP) reconheceu Tebas como arquiteto e urbanista, colocando-o no quadro associativo permanente da entidade. Em 2019, foi lançado o livro “Tebas – Um Negro Arquiteto na São Paulo Escravocrata” (Abordagens), organizado pelo escritor e jornalista Abílio Ferreira.

Já em 2020, a Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, inaugurou um monumento, instalado na Praça Clóvis Bevilácqua, em homenagem a Tebas.


O livro Tebas, um negro arquiteto na São Paulo escravocrata está disponível gratuitamente no site do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) de São Paulo.

 

Obs:. As documentações sobre sua alforria são contraditórias e diferem conforme pesquisadores.





Como citar: BARRETTO, Jéssica. TEBAS. SAA Revista, 2024. Disponível em: (https://www.saarevista.com/post/tebas). Acesso em: (data).

 


 

 

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