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LEIA, PENSE E QUESTIONE

arquitetura, arte e suas implicações na sociedade

A CASA DO SER, ARQTAB & Maycon Fogliene | Entrevista com Audrey Carolini.

Atualizado: 7 de ago. de 2024

O desenho universal dá o tom do loft de 67m², no qual as arquitetas, Audrey Carolini e Thamires Mendes, do ARQTAB, em parceria com o arquiteto Maycon Fogliene, propõem uma reflexão sobre a democratização do uso dos espaços.

"Pensar em desenho universal é pensar na pessoa, e nas várias formas de uso por pessoas que são diferentes de nós. É pensar no ser humano, com toda a sua fragilidade, mas com toda a sua potencialidade também. Para nós, arquitetos, temas como acessibilidade, sustentabilidade e inclusão não deveriam mais ser vistos como diferenciais, e sim como parte da composição do trabalho."

Me fala um pouco sobre o projeto e como nasceu o conceito?


Tudo parte do desafio né?! Esse foi mais um daqueles que a gente aceita de coração aberto. Não era a nossa primeira vez falando de desenho universal, mas naquele momento era necessário um aprofundamento ainda maior, pois a responsabilidade era muito grande. Dentre os elementos mais árduos da concepção projetual, acredito que os produtos levam o primeiro lugar. A gente sempre vê em arquitetura as pessoas falando sobre a importância de as coisas serem belas e funcionais, e quando a gente imerge no mundo do desenho universal, entendemos que quase nunca é assim. As empresas de um modo geral, pensam apenas na funcionalidade, esquecendo que falar de desenho universal é também falar de beleza. Nesse sentido, tivemos que entender como produtos classificados como não acessíveis poderiam cumprir com essa duplinha. Passando por esse momento, começamos a refletir sobre a nossa própria produção, e quais eram os aspectos que nos faziam únicas. Desse processo de pesquisa, surgiu a vontade de fazer a releitura contemporânea de uma casa tradicional paulistana de vila, pois é a linguagem arquitetônica que mais exprimia a nossa verdade como arquitetas, além de falar sobre lugar de afeto, de carinho.

 

O que te levou a aceitar o convite da CASACOR?


Acredito que seja um lugar em que todo arquiteto, que trabalha na área de interiores, gostaria de estar. É a maior mostra de arquitetura, design e paisagismo da América Latina, então serve também para chancelar o trabalho de quem tem a oportunidade de estar por lá. Acho que o choque do convite foi maior do que a minha vontade de estar lá, porque é isso, quando você recebe um convite do lugar que é o sonho da realização profissional, a ficha demora um pouco para cair. Fui frequentadora assídua do evento, então, me imaginar ocupando esse espaço, principalmente sendo uma das primeiras profissionais negras a poder fazer isso, foi bem significativo.


Quais as principais dificuldades em fazer um ambiente como esse em tão pouco tempo, enquanto arquiteta?


O maior desafio, sem dúvidas é o cronograma. Por ele ser bem contado, perder o controle significa um atraso monstruoso. Nós tivemos uma pequena questão de material que nos fez perder cerca de 4 dias, mas como tínhamos algumas outras demandas que podiam andar em paralelo, focamos nela até tudo se resolver. De um modo geral, a obra para nós foi um período bem bacana. Digo isso com a consciência de quem escolheu o time certo, comprometido, e muito parceiro. Eu costumo dizer ao Marcão, nosso empreiteiro, que teria que viver mais umas duas vidas para pagar o que ele fez por mim, na CASACOR, mas de um modo geral também. Ele é um cara que me formou, que me acompanhou desde a universidade, e na primeira oportunidade que tive de trazer o time dele para atuar atendendo nossos clientes, não tive dúvidas. Eu não poderia ter ido para CASACOR sem ele e os demais colegas. Devo o sucesso do nosso espaço a esse time engajado que nos ajudou a realizar mais esse sonho.

 

O seu ambiente foi um dos primeiros ambientes, que trouxe essa temática para dentro da Mostra.  Essa é uma premissa para você?


Como mencionei atrás, não foi a nossa primeira experiência com desenho universal, e desde o primeiro trabalho, pude perceber que o conceito começou a ser incorporado na nossa produção de forma mais natural. Pensar em desenho universal é pensar na pessoa, e nas várias formas de uso por pessoas que são diferentes de nós. É pensar no ser humano, com toda a sua fragilidade, mas com toda a sua potencialidade também. Para nós, arquitetos, temas como acessibilidade, sustentabilidade e inclusão não deveriam mais ser vistos como diferenciais, e sim como parte da composição do trabalho.

 

Tem algo que você queira falar especificamente sobre esse projeto?


Eu não sei se algo específico, mas acredito que ele tenha vindo para mostrar possibilidades de atuação, para me fazer entender que eu posso ser múltipla, e que isso não é um problema. Ser uma profissional mais generalista, ainda que com as especializações que possuo, me trazem oportunidade de transitar em outras áreas de atuação com outras linguagens. Eu particularmente me sinto cada vez mais arquiteta, sem contar a possibilidade de troca com outros profissionais. Me parece um convite ao crescimento pessoal e profissional.

 

Você fez uma pausa do ARQTAB. O que você espera dessa nova fase?


Essa pergunta tem muita relação com a anterior. Eu fui extremamente feliz em ARQTAB. Foi o lugar em que eu tive a oportunidade de começar do zero, testar inúmeros trabalhos, conhecer de áreas importantes para a existência de uma empresa, conhecer pessoas que inclusive me acompanham até hoje. Penso que esgotei (ou pelo menos acho que) todas as possibilidades dentro daquele contexto. Acredito que foi uma decisão acertada, pois agora tenho vivido outras experiências profissionais, tão concretas quanto. O mais interessante é perceber que a gente nãp tá começando do zero, apesar de parecer. Toda a bagagem que eu trouxe daquele momento, tem sido crucial para o que estou vivenciando agora. Pode ser que ele tenha sido um treinamento para o que esta por vir, talvez eu nunca saiba, mas que foram anos incríveis, isso é indiscutível. Sou muito grata pelas experiências que tive por lá! Vida longa a ARQTAB!





 

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